Crítica: ‘O Lar’(2008), de Ursula Meier

Tratando de
um tema complexo como os efeitos da urbanização naqueles inseridos em
determinados locais afetados diretamente, ‘O Lar’ é um filme conciso e pesado.
Sua diretora, Ursula Meier, escolhe por ter uma abordagem rústica com seu
espectador. Tudo ali mostrado é cruel, avassalador e triste. E as situações
cômicas não ajudam a diminuir o peso da trama, somente a torna mais palatável.
O filme vai
contar a história de uma família, um casal e seus três filhos, vivendo na parte
rural da França, em completo isolamento de outras residências ou pessoas, que
tem sua vida baseado em um modo liberal e calmo de se viver.  A casa onde a família mora fica ao lado de uma
estrada inoperante, onde por mais de 10 anos o governo adiou seu lançamento. A
família é tomada periodicamente pelo medo de que a estrada venha finalmente a
começar a funcionar. Não fica claro o porquê de a família resolver fazer sua
vida em um local condenado às ruínas. Ou então, se a família já morara ali
previamente a construção da estrada. Essa ausência de informações funciona
muito bem no filme, nos levando a projetar várias vezes determinadas causas e
motivos para aquele cenário.
A história
rapidamente ganha novos rumos quando a estrada finalmente é lançada. A família
tenta continuar com seu modelo de vida, apesar do constante barulho dos carros
e o perigo de serem atropelados ao tentar atravessar o lugar. Porém, após um
curto espaço de tempo, fica claro que a vida naquele lugar poderia não ser mais
uma realidade. A vida diante daquela estrada fica insuportável. Logo, suas
vidas começam a entrar em um processo de degradação constante inescapável.

Não ficam
exatamente claros os motivos para a família permanecer no local após os
transtornos começarem a se tornar latentes. Porém, podemos presumir que a falta
de dinheiro e outro local para ficar é a razão principal da permanência. É na
figura do pai da família que fica mais evidente o sofrimento que aquela família
está passando. O homem parece ser o único realmente ciente do quão desesperador
seria a vida da família, o quanto seus futuros estariam condenados. Ele parece
ser o único a se dar conta que a destruição da família era, agora, algo
inexorável.
Temos na
figura da mãe uma pessoa alegre e despreocupada, que, apesar de nutrir certa
ignorância quanto à situação que está inserida, se vê cada vez mais envolta em
uma rotina quebrada. A tranquilidade gradualmente dá lugar à completa paranoia
na mulher. Já pegando a personagem da filha maior, aparentando estar na faixa
dos 20 anos, temos uma figura que parece ser a única alheia àquilo tudo. A vida
parece passar diante de seus olhos sem que essa se incomode, tudo que ela
precisa é de seu rádio e sua cadeira para tomar sol, o resto não importa. Nos
outros dois filhos menores, o garoto, aparentando ter uns oito anos, e a menina,
com algo entre 12 e 14 anos, fica implícito o quão ruim a situação se tornara.
Os dois sentem o efeito da situação quase que na mesma proporção que seus pais,
onde a vida como conheciam anteriormente se apagara por completo.

A degeneração
da família é constante, inapelável. A saúde mental dos integrantes da casa cada
vez mais parece menor. A história acaba por ganhar contornos do gênero de
horror. A casa agora parece criar vida, os impedindo de sair do lugar. Logo,
vamos notando que a família de outrora já não existe mais. O que há agora é um
compêndio de loucura.
A direção de Ursula Meier, em seu primeiro longa-metragem, é muito boa. A diretora escolhe por
utilizar um ritmo dosado, jogando informações para o espectador aos poucos. Não
conseguimos saber o que está acontecendo direito até os 30 minutos de filme,
somente depois desta marca começamos a ligar os pontos e começar a tirar nossas
próprias conclusões sobre o que está sendo mostrado. Meier também escolhe por
dar uma atmosfera quente ao filme, com o apoio da cinematografia de Agnès Godard,
onde os personagens aparentam estar sempre em um eterno desconforto.

Os atores
envolvidos no filme também conseguem captar a proposta do roteiro e da diretora.
No papel dos filhos do casal temos Adélaïde Leroux como a filha mais velha e Madeleine Budd e Kacey Mottet Klein no papel dos
filhos menores. Eles estão
regulares no filme, dão a dramaticidade e inocência necessária ao que a trama
propõe. Como esposa temos Isabelle Huppert. Huppert aqui tem uma boa interpretação, escolhendo, no começo, pela
sutileza em caracterizar sua personagem e, na parte final, por uma performance
corporal exacerbada, tentando evidenciar o quadro daquela pessoa. Porém, o
grande destaque é o de Olivier Gourmet, no marido em questão. Gourmet consegue com simples olhares demonstrar
todo o desespero que impera no personagem.
A construção
de cenário feita pelo filme acaba transcendendo o drama pessoal a que aquela
família está envolvida, servindo como realidade para urbanização desenfreada
que acomete o mundo desde o século passado. Não há mais espaço para a
proliferação de vidas fora do eixo social/urbano. O crime contido aqui não é o
de expandir os domínios de uma vida socializada comum, mas, sim, o de não dar
aos afetados pela perda de seu modelo de vida uma condição para se habituarem a
sua nova realidade.  ‘O Lar’ é um filme
duro, não sendo prazeroso de o ver em alguns momentos. A trilha sonora é
ausente, o ritmo lento e até as situações cômicas causam incômodo no
espectador. Mas tudo o relatado aqui é palpável. O filme termina com uma cena
linda, encerrando uma obra ímpar.
Nota CI: 7,0 Nota IMDB: 7,0
Filmografia:
LAR, O.
Direção: Ursula Meier. 2008. 98 min. Título Original: Home.

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