Crítica: ‘Contratei Um Matador Profissional’(1990), de Aki Kaurismäki

O universo de
Aki Kaurismaki contém uma obsessão em mostrar os desmembramentos das vidas de
indivíduos tidos como estranhos e fracassados pela sociedade que lhes cercam.
Ladrões, trabalhadores descontentes, mulheres vingativas e músicos fracassados
são apenas alguns dos exemplos de indivíduos que permeiam os filmes do cineasta
finlandês. Toda a atmosfera criada por Kaurismaki tem como fundamento o de
divertir seu público com piadas que emanam das situações corriqueiras dos
personagens. E, aqui, em ‘Contratei Um Matador Profissional’, temos um de seus
filmes mais divertidos e simbólicos de sua carreira. Um filme que diverte o
espectador na mesma medida que denuncia o quanto uma vida dentro dos padrões da
normalidade pode ser prejudiciais.
Teremos aqui
um pequeno, porém o mais importante, fragmento da vida de Henri Boulanger,
um homem solitário, que faz um trabalho burocrático em uma empresa há mais de
15 anos. O trabalho é o curto fio que motiva Boulanger a acordar todas as
manhãs. Entretanto, quando é demitido de seu trabalho e se encontrar
completamente alheio ao mundo, Boulanger decide dar início a uma saga de
infindáveis tentativas frustradas de tirar sua vida. A trama ganhará força
quando o homem desmotivado até mesmo com as tentativas de suicídio, decide
pagar para um assassino profissional matá-lo. Boulanger só não esperava se
apaixonar por uma vendedora de flores pouco tempo depois de contratar o
assassino.

O filme é
curto, conta com apenas 79 minutos de duração, por isso seu ritmo tem como
proposta sempre ser mais constante, acelerando em algumas partes e seguindo o
curso natural da cena em outras. Como o filme se dispõe a contar um pequeno
espaço da vida dos personagens, essa curta duração soa longe de ser algo negativo.
Pelo contrário, é mais do que o suficiente para a história.
Iremos nos
concentrar em mais dois personagens, além do protagonista, Margaret, o “affair”
de Boulanger, e o assassino contratado. Esses dois outros personagens acabam
tendo uma abordagem menos relevante de suas vidas, sem, no entanto, se fazerem
superficiais. Margaret aparenta ser uma mulher solitária, assim como nosso
protagonista, encontrando no personagem de Boulanger o sentimento de
pertencimento a alguma coisa, jamais encontrado outrora. No assassino veremos
um homem comprometido com sua causa, emanando uma solidão desejada em sua
personalidade, e tendo que lidar com o fato de que seus dias estão contados
devido a um câncer.

Todas as
situações cômicas que surgem no filme se devem a um humor encontrado nos
pequenos detalhes das cenas, como em uma bonificação de demissão ou um simples
caminhar sobre um bar nada amigável. Aqui o humor nos diálogos é quase que
descartado, destinando ao ambiente e nas implicações dos atos dos personagens o
trabalho de divertir o público.
A direção de
Aki Kaurismaki se faz única. O diretor procura no primeiro momento evidenciar a
atmosfera claustrofóbica a que Boulanger está inserido, utilizando
enquadramentos fechados em relógios na parede e objetos de trabalho, tomadas
estáticas da composição geral do ambiente do escritório onde o homem trabalha e
uma cena única e curta de seu isolamento perante os colegas de trabalho no
almoço. Kaurismaki trabalha muito com uma espécie pouco comum de humor físico,
no sentido de que os maneirismos dos personagens acabam fazendo o espectador
rir.

Contamos no
elenco com nada menos do que Jean-Pierre Léaud comandando as ações do filme. O lendário ator francês consegue passar
com sua atuação uma confusão inerente ao seu personagem, parecendo a cada fala
não ter o mínimo de convicção do que acabara de afirmar. Assim como é habitual
no cinema do diretor, Léaud acaba criando uma persona melancólica para seu
personagem, seguindo o que a atmosfera do filme sugere a ele. Temos ainda Margi Clarke e Kenneth Colley compondo o elenco com atuações esforçadas,
porém limitadas.
‘Contratei Um
Matador Profissional’ é um filme ímpar em meio a tanta comédia sem substância
espalhadas pelo cinema. Uma obra doce e intensa, que poderia facilmente se
acomodar no gênero de drama. Um filme que se nega a simplesmente divertir seu
público, destilando toda uma indagação sobre os caminhos que decidimos seguir
em nossas vidas. O filme ainda flerta com o conceito de predestinação em vários
momentos do filme, questionando o quão livre somos para exercer nossos atos.
Como se todos os ingredientes do filme não fossem o bastante, ainda temos a
oportunidade de assistir a junção Leaud e Kaurismaki, duas das maiores lendas
da história do cinema.
Nota CI: 7,2 Nota IMDB: 7,3
Filmografia:
 
CONTRATEI Um
Matador Profissional. Direção: Aki Kaurismaki. 1990. 79 min. Título Original: I
Hired a Contract Killer.

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