Crítica: ‘Corpos Ardentes’(1981), de Lawrence Kasdan

Utilizando-se
da figura climática para criar uma atmosfera diferenciada, ‘Corpos Ardentes’
alcança sucesso em apresentar ao espectador um suspense sedutor de qualidade
sobre os riscos da ganância e da busca de prazer a qualquer custo. Lawrence Kasdan nos traz um suspense de primeira com uma aura Brian De Palma de se
construir uma trama contundente.
A trama conta
a história de um advogado de uma cidade pequena, acostumado com a tranquilidade,
que se envolve com uma mulher casada. A história ganha corpo quando ele é
coagido por sua amante a matar seu marido rico. Completamente obcecado pela
figura da mulher, irresistível a seus olhos, o homem decide levar a ideia
adiante e investir contra a vida do marido da mulher. Toda a história se passa
durante uma onda de calor que atinge a cidade do filme.
Conservando
aspectos do clássico ‘Vestida para Matar’(1980), de Brian de Palma, o filme
consegue cativar seu público com detalhes pequenos, como a aparição por
segundos de figuras que vão ser importantes para o desenrolar da história.
Assim como acontece em ‘Dublê de Corpo’(1984), o espectador assiste ao filme
como se fosse parte ativa da história, como se estivesse escondido por detrás
de alguma cortina onde as ações do longa acontecem.

O bom diretor
Lawrence Kasdan, também responsável pelo ótimo roteiro, realiza aqui seu
primeiro longa-metragem, já acertando em cheio o modo de realizar o filme.
Kasdan resolve ritmar o filme da mesma forma que Billy Wilder fez no clássico
‘Pacto de Sangue’(1944). Aqui, Kasdan presta uma homenagem a um dos maiores
Noir de todos os tempos, entregando um filme similar na ordem e atmosfera dos
acontecimentos. Aliás, a atmosfera de ‘Corpos Ardentes’ viria a ser repetida
poucos anos depois em ‘Gosto de Sangue’(1984), outro grande filme do gênero.

O elenco está
muito bem, a dupla protagonista exerce uma química notável em cena,
evidenciando o porquê da tomada de certas decisões por parte dos personagens.
No papel do advogado temos William Hurt. Hurt aqui dá vida a um homem inocente, onde sua obsessão pelas
mulheres acaba sendo sua ruína. No papel da mulher casada está Kathleen Turner esbanjando sensualidade. O espectador quase chega a entender os motivos
do advogado para dar cabo aos planos da mulher de exterminar o marido. A composição
do elenco conta com Ted Danson, Richard Crenna e Mickey Rourke, todos muito bem no filme.
‘Corpos
Ardentes’ é um grande filme de suspense. O que Kasdan conseguiu fazer aqui,
utilizando o clima de maneira única para nortear os desfechos da trama, é
impressionante. O diretor não tem medo ou orgulho de usar aos montes
referências do gênero para fazer um filme de efeito. O elenco competente é
somente a cereja do bolo neste belo filme. Assistir ‘Corpos Ardentes’ é estar à
frente de um emaranhado do que há de melhor no gênero de suspense.
Nota CI: 6,9 Nota IMDB: 7,4
Filmografia:
CORPOS
Ardentes. Direção: Lawrence Kasdan. 1981. 113 min. Título Original: Body Heat.
DUBLÊ de
Corpo. Direção: Brian De Palma. 1984. 114 min. Título Original: Body Double.
VESTIDA Para
Matar. Direção: Brian De Palma. 1980. 105 min. Título Original: Dressed to
Kill.
GOSTO de
Sangue. Direção: Joel Coen
e Ethan Coen. 1984. 99 min. Título Original: Blood Simple.
PACTO de
Sangue. Direção: Billy Wilder. 1944. 107 min. Título Original: Double Indemnity.

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