Top10: Dez Grandes Parcerias da História do Cinema

Vamos abordar, neste top10, dez grandes parcerias da história da sétima arte. O critério para análise é simples: foram consideradas todas as parcerias com no mínimo três filmes juntos, não se limitando apenas em trabalhos diretor/ator, nos inserindo nos principais elementos que caracterizam um filme.

 

10º – François Truffaut (direção) e Jean-Pierre Léaud (atuação)

A consagração desta dupla veio cedo na filmografia dos dois, com o sucesso inquestionável de ‘Os Incompreendidos'(1959). Léaud tinha apenas quinze anos quando protagonizou o filme, enquanto Truffaut fazia sua estreia na direção de um longa-metragem. A parceria dos dois renderia várias parcerias durante o passar dos anos, vindo a se encerrar em ‘O Amor em Fuga'(1979). Nos filmes que fizeram juntos, era inquestionável a perfeita sincronia entre os dois. Truffaut até conseguiu alcançar sucessos sem a presença do ator nos seus filmes, entretanto Léaud jamais conseguiu atingir seu nível de excelência como nos filmes do lendário diretor.


9º – Wes Anderson (direção) e Bill Murray (atuação)

O modelo de atuação de Bill Murray, utilizando um humor melancólico, casa perfeitamente com o modelo de direção de Wes Anderson, que sempre preza por mostrar indivíduos estranhos e de difícil trato com o ambiente social que lhes cercam. A primeira contribuição dos dois foi em ‘Três é Demais'(1998), porém a grande consagração aconteceu no magnífico ‘A Vida Marinha de Steve Zissou'(2004), onde vemos um verdadeiro show de atuação por parte de Murray e uma ótima direção, como é habitual, de Wes Anderson. A parceria entre os dois permanece viva e provavelmente teremos vários outros grandes trabalhos dos dois juntos.

 

8º – Kar-Wai Wong (direção) e Christopher Doyle (cinematografia)

O sucesso dos dois é exposto nas obras de Kar-Wai Wong. Praticamente toda a obra do diretor é feita com os trabalhos de Doyle na fotografia. O maior sucesso dessa parceria vem no icônico ‘Amor à Flor da Pele'(2000), quando cada enquadramento proposto pelos dois propicia uma experiência única por parte do espectador. Infelizmente a dupla não se reúne desde 2004, nos fazendo questionar se algum dia veremos novamente essa parceria de sucesso em outros filmes. E é inquestionável que a qualidade dos filmes do diretor sem Doyle cai bastante.

 

7º – Martin Scorsese (direção) e Paul Schrader (roteiro)

Paul Schrader jamais teria a liberdade para iniciar sua brilhante carreira também na direção de filmes se não tivesse feito antes o brilhante roteiro de ‘Taxi Driver'(1976). Aliás, Scorsese também teve sua carreira transformada depois do filme. A parceria dos dois foi essencial para dar todo o brilho que o filme traz em sua história. Essa parceria ainda iria nos presentear com ‘Touro Indomável'(1980).

 

6º – Ingmar Bergman (direção) e Liv Ullmann (atuação)

A parceria entre Bergman e Ullman foi muito além da tela. Os dois tiveram bons anos vivendo casados, em um misto de paranoia e obsessão, como era característico da personalidade de Bergman. Escolher Ullman como a principal parceria diretor/ator de Bergman é perigoso, já que temos quase uma dezena de atores e atrizes que brilharam nas mãos do sueco. Porém, o talento de Ullman e a completa simbiose entre ela e a câmera de Bergman nos faz elencar essa como a parceria crucial da carreira de ambos.

 

5º – David Cronenberg (direção) e Howard Shore (trilha sonora)

David Cronenberg e Howard Shore foram feitos para trabalharem juntos. Todo o brilho da execução do filme realizada por Cronenberg é sempre pontuada com perfeição pela trilha sonora de Shore. Shore não apenas segue o ritmo da trama dos filmes, mas também veremos muitas vezes a própria trilha sonora pegando as rédeas e guiando completamente o rumo das histórias ali contidas.

 

4º – Akira Kurosawa (direção) e Toshirô Mifune (atuação)

A parceria entre esses dois sempre foi pautada na intensidade. Kurosawa e Mifune talvez sejam os dois maiores nomes do cinema japonês na história, e, quando juntos, realizam obras impecáveis. A história dos dois foi desde a impulsividade latente da juventude, no começo da carreira de ambos, até a eclosão de uma maturidade ímpar.

 

3º – Martin Scorsese (direção) e Robert De Niro (atuação)

Robert De Niro e Martin Scorsese são talentos incríveis separados, sempre conseguindo performances, seja na atuação ou direção, impecáveis, sabendo se adaptar a diferentes cenários, histórias e personagens. Porém, quando unidos, os dois alcançam proporções incríveis. Todas as contribuições dos dois juntos são únicas. E essa parceria inclui um terceiro elemento também gigantesco na história do cinema que serviu para apresentar os dois. Brian De Palma, após ter trabalhado com De Niro e visto um talento ímpar no ator, recomendou para seu amigo Scorsese a escalação deste em trabalhos futuros. O resto é história. A dupla não se reúne há mais de 20 anos, porém teremos o prazer de vê-los unidos por no mínimo mais um filme que já está em trabalho de produção.

 

2º – John Cassavetes (direção) e Gena Rowlands (atuação)

John Cassavetes e Gena Rowlands transcenderam a relação diretor/atriz, eles permaneceram casados durante 34 anos, onde a relação dos dois somente chegou ao fim com a morte precoce de Cassavetes. Durante esses 34 anos, os dois nos propiciaram vários filmes, onde puderam consumar a relação não só entre diretor/atriz, mas também contracenaram juntos. O cinema autoral de Cassavetes encontrou em Rowlands a sua completude. A intensidade da atriz em cena e o estilo de direção de Cassavetes sofrem um processo de simbiose, jamais conseguindo se separar.

 

1º – Ingmar Bergman (direção) e Sven Nykvist (cinematografia)

Essa é sem dúvida a maior parceria da história do cinema. Todas as ideias e o talento como diretor de Bergman jamais atingiriam tamanha qualidade sem a presença de Nykvist. Os trabalhos de fotografia de Nykvist são algo único na história do cinema. Trabalhos como ‘Persona'(1966) e ‘Gritos e Sussurros'(1972) evidenciam isso. A junção dos dois maiores nomes no trabalho que decidiram exercer é colossal. E a relação dos dois foi muito além do cinema. Os dois foram fiéis companheiros até a morte de Nykvist separá-los. Essa amizade foi ponto crucial para a estabilização das exacerbações existenciais de Bergman no seu constructo psicológico. Nykvist foi o ponto de apoio nos momentos difíceis da vida de Bergman após a morte de sua última esposa. Dois gênios que felizmente deixaram um material valioso em nossas mãos.

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