Crítica: ‘Apocalypse Now’(1979), de Francis Ford Coppola

Sendo
considerado um dos filmes com os maiores problemas em sua realização,
‘Apocalypse Now’ justifica todo o empenho de sua produção para que a obra fosse completada.
Revolucionando o gênero, que viria a fornecer ao espectador nos anos seguintes
clássicos como ‘Platoon’(1986) e ‘Nascido Para Matar’(1987), Coppola conseguiu
mensurar conceitos como vontade de poder e eterno retorno, propostos pelo
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, aos horrores que um evento de tamanha
proporção pode causar em todos os envolvidos.

A trama do
filme gira em torno de um capitão do exército americano, interpretado por
Martin Sheen, que tem a missão de achar e exterminar um coronel americano (Marlon
Brando) que desertou da força de seu país e teria enlouquecido em meio aos seus
próprios ideais. Na busca por seu objetivo, o capitão enfrentará diversos
percalços, além de ter de lidar com seus próprios fantasmas.
O
desenvolvimento da história a partir do tema central é fascinante. Temos aqui,
na figura do capitão, um homem perturbado e confuso, visivelmente alheio à vida, que continua ao seu redor. Seu personagem parece ser um mero fantoche em meio
ao mar de mortes e loucura presentes a cada cenário explorado. Em sua
trajetória, o capitão acaba conhecendo o inesquecível Tenente Coronel
Kilgore (Robert Duvall). A megalomania e a completa ausência de realidade em
Kilgore é o ponto alto do filme. Um homem que simplesmente ama aquele ambiente
onde está inserido, vivendo cada momento com extrema intensidade. Seu único
pesar é pensar que um dia aquilo terá um fim.
A primeira
metade do filme é impecável. Somos inundados por um verdadeiro espetáculo de
cenas feitas à maestria. Temos tomadas feitas de todos os ângulos. As cenas
aéreas talvez sejam as melhores do filme, com destaque, é claro, para as
infindáveis sequências com helicópteros. Os barulhos emanados dos helicópteros
ganham conotações poéticas aqui. A famosa cena do ataque ao vilarejo ao som de
Wagner é, sem dúvida, a melhor do filme.
Infelizmente, o ritmo do filme cai muito em sua segunda metade, ficando arrastado em
determinados momentos. Vale a pena ressaltar que mesmo perdendo seu ritmo, o
filme jamais fica ruim, sempre se mantendo, no mínimo, bom. As sequências com
as coelhinhas da playboy e seu prosseguimento, até a introdução ao personagem
de Brando, acaba por perder um pouco o foco central do filme.
A reta final
do filme acaba por resgatar em parte a atmosfera apresentada na primeira
metade, sem, entretanto, igualar-se. O filme ganha tons macabros, atirando o
espectador a um local caótico, onde o que reina é uma carnificina sem precedentes.
A introdução da figura mais emblemática do filme finalmente acontece com o
aparecimento de Marlon Brando, vivendo a figura do Coronel Kurtz. Aqui, temos um
homem com um passado brilhante pelo exército de seu país, mas que, de alguma
forma, acabou perdendo-se em meio aos possíveis horrores que passaram diante de
seus olhos, enlouquecendo e adquirindo ideais mais deturpados que outrora.
A composição
do elenco de ‘Apocalypse Now’ é muito boa. Temos no filme Martin Sheen
estrelando, Marlon Brando e Robert Duvall engrandecendo o longa, além das
presenças de Frederic Forrest, Sam Bottoms e Laurence Fishburne. Contamos ainda com Dennis Hopper e Harrison Ford em papéis menores do filme. Martin Sheen tem uma
atuação muito competente, conseguindo entrar na pele de seu personagem na luta
contra os pesadelos vividos em sua jornada. Marlon Brando tem poucos minutos em
tela, porém o suficiente para conseguir tatuar no cérebro de qualquer um o
icônico personagem vivido por ele. Entretanto, o destaque do filme se deve a
atuação soberba de Robert Duvall. Frenético em tela, o sucesso de Duvall está
longe de se constituir apenas em virtude do belo personagem entregue pelo
roteiro. O ator entrega ao espectador uma atuação incrível, dando vida a
diálogos completamente incompreensíveis falados por seu personagem e fazendo da
loucura o ponto central de seu sucesso.Coppola vinha
da direção de três verdadeiros clássicos do cinema, o que o deixou mais à vontade para realizar o filme de seu jeito, além de ter um grande orçamento em
suas mãos. Porém, assistindo ao filme, nós ficamos com a impressão de que esse
orçamento deve ter sido mal administrado. Se pegarmos as duas metades do filme,
a impressão é de estar assistindo a produções diferentes. Fato este que não
apaga o belo trabalho feito por Coppola na direção. Vale destacar também a
edição precisa do filme, causando completa imersão à trama por parte do
espectador. A trilha sonora também é linda, sabendo utilizar os momentos certos
para alavancar o filme. Já o roteiro, escrito por Coppola e John Milius (baseado
no romance de Joseph Conrad),
é outro ponto que distingue ‘Apocalypse Now’ dos demais filmes do gênero feitos
até o lançamento deste.

As mais de
três horas enfrentadas pelo espectador passam em uma velocidade incrível. Fruto
de um diretor em sua melhor fase na carreira, ‘Apocalypse Now’ não é o melhor
filme de guerra já feito, não é nem mesmo o melhor filme sobre a guerra do
Vietnã, mas a forma como aquela jornada é contada e a maneira em que é filmada, sem dúvidas, colocam o filme em um patamar elevado. Coppola nos traz um filme que
transcende seu gênero, podendo facilmente ser incluído na categoria Noir. O
roteiro complexo traz ao espectador temas filosóficos relevantes para a
humanidade. O personagem de Kilgore (Duvall) é um exemplo perfeito de ‘Vontade
de Potência’ e ‘Eterno Retorno’, propostos por Nietzsche. Temos aqui um homem
aproveitando cada segundo de sua vida, encarando os horrores da guerra como
momentos únicos. A vida para ele é aquilo ali presente em seu cotidiano turbulento.
Ele não nutre em seus pensamentos nada além daquilo. E em meio a essa aceitação
pelo real, Kilgore procura elevar-se a cada segundo, jamais aceitando
conservar-se na mesma situação. O tema ‘Vontade de Potência’ extrapola o
personagem de Kilgore, sendo também presente no Coronel Kurtz (Brando). Kurtz
passou a vida buscando a excelência militar de tal forma que quando a atingiu,
se viu inquieto àquilo. Querendo mais, Kurtz agora procura o status de uma
divindade, seus ideais não chegam a um fim.
‘Apocalypse
Now’ é um verdadeiro clássico do cinema. Assistir a obra é uma experiência
única. Adentramos ao campo mais pedregoso do ser humano, no qual impulsos
instintuais são tudo o que há. A guerra aqui é apenas uma figura passiva aos
horrores presentes no cerne do homem. Um filme que não deve ser assistido, e, sim, contemplado por seu espectador.
Nota CI: 7,7 Nota IMDB: 8,5
Filmografia:
APOCALYPSE
NOW. Direção: Francis Ford Coppola. 1979. 202 min.
PLATOON.
Direção: Oliver Stone. 1986. 120 min.

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