Claude Chabrol falha na tentativa de criar um drama convincente e robusto. Trazendo a sua mais célebre musa, a atriz francesa Isabelle Huppert, Chabrol desta vez não consegue entregar a ela um papel convincente. ‘Comédia do Poder’ não logra sucesso em sua investida de criar um jogo psicológico, dando ao espectador, ao invés, uma trama sem sal e insossa.
A história contada aqui gira em torno da vida de uma investigadora respeitável que, após muito tempo, consegue capturar um homem que comanda negócios ilegais e corporações corruptas. A trama vai se desenvolver a partir dos conflitos dessa mulher com o tal homem, atrás de mais detalhes sobre as acusações contra ele, e os desdobramentos que sua vida profissional causa na situação familiar a qual está inserida.
A direção de Chabrol não foge muito do habitual do diretor. O problema aqui é seu roteiro, escrito por Chabrol em parceria com Odile Barski. Aqui ele não se insere a fundo a nada, não dando uma visão acurada nem do caso profissional que a mulher comanda, nem de sua vida familiar, passando ao espectador apenas espectros dos assuntos.
O elenco encabeçado por Isabelle Huppert e François Berléand, no entanto, está razoavelmente bem aqui. Huppert tem uma atuação concisa sobre as responsabilidades enfrentadas por sua personagem, demonstrando com suas feições e falas suaves e comedidas toda a competência em dividir os diversos ramos de sua vida. Já o destaque do filme fica por conta da performance positiva de Berléand, encarnando um homem de moral duvidosa. A interpretação exagerado do ator cai como uma luva ao seu personagem, demonstrando seu modo de agir patético e confuso.
‘Comédia do Poder’ é um filme comum que acaba por pecar em propiciar ao espectador uma história que, de fato, gere sua atenção. Entretanto, apesar dos diversos equívocos, é sempre válido acompanhar um filme do lendário cineasta francês. Além de marcar a última contribuição de Huppert aos filmes de Chabrol.