Crítica: ‘Marcas da Violência’(2005), de David Cronenberg

Criando uma atmosfera diferente da que está acostumado, David Cronenberg entrega ao espectador neste filme uma história sobre como o passado pode ser sobrepujado, mas jamais esquecido. Um filme que adentra ao conceito da violência desmedida que eclode dos menores detalhes. ‘Marcas da Violência’ utiliza a figura de uma pequena cidade ou a construção de uma família feita com mentiras para conseguir empreender o ritmo necessário ao filme. Não teremos uma trilha sonora marcante, um cenário vivo ou o conceito de fetichismo explorado como é comum ao cinema de Cronenberg. O que está sempre presente no filme, durante os seus 96 minutos de duração, é o tom visceral que emana a cada gesto do protagonista. Está presente aqui o conceito de estilização da violência como um todo.

A história do filme vai nos levar até uma pequena cidade dos Estados Unidos. Nesta cidade adentraremos a vida de Tom Stall e sua família, composta por sua esposa, Edie, e seus dois filhos, Jack e Sarah. A trama ganha força quando uma dupla de assassinos tenta roubar o restaurante onde Stall trabalha. Ambos os assaltantes são mortos por Stall, e o homem logo passa a ser considerado o herói da cidade, tendo sua foto vinculada a jornais físicos e televisivos. O problema é que essa exposição exacerbada vai trazer à tona um passado que Stall gostaria de deixar esquecido.

O ritmo inicial do filme é bem lento, instigando o espectador a adentrar ao ambiente onde a família vive. É trazido para a tela a maneira tranquila com que Stall leva sua vida no lugar, seu relacionamento de carinho com a esposa e filhos e sua química com a cidade e seus moradores. A figura da violência que invade o local para tirar a paz que Stall conservara é colocada no filme aos poucos.

A partir do momento em que a violência penetra a realidade do filme, é importante notarmos a transformação forçada que nosso protagonista passa. Após Stall ser obrigado a matar duas pessoas em seu restaurante e os fatos de seu passado começarem a assombrá-lo, o homem se vê contra a parede. É aí que encontraremos a figura do animal colocado contra a parede, onde acontece uma erupção das nossas pulsões instintuais trancafiadas pela vida em sociedade. Temos uma ligação clara entre os personagens de Stall e o de David Summer, no icônico ‘Sob o Domínio do Medo’(1971). Ambos os personagens são produtos de uma sociedade moderna, cada um de sua forma, domesticados, instruídos a abandonarem suas naturezas. Quando encurralados por diferentes situações, os personagens sofrem um processo de mutação, abandonando os conhecimentos aprendidos de outrora para tentar preservar suas vidas.

O filme ainda mostra a figura deste passado que Stall tanto tentou exterminar, voltar e tomar conta do homem. Stall passa a ter que separar essas duas personas que tomam conta dele, uma do homem social e engajado na proliferação da paz e, a outra, de um homem regido completamente por sua carga inconsciente, trabalhando unicamente por satisfazer suas pulsões.

Já partindo para o campo da direção, comandada por David Cronenberg, teremos um trabalho mais sutil. Cronenberg cria um filme que segue uma linha atmosférica fria, onde a violência explode de repente e, logo depois, toda a calmaria habitual retorna ao local. Esse filme foge bastante do universo proposto por David Cronenberg, sem, no entanto, ser algo completamente inédito empreendido pelo diretor. Cronenberg trabalhou com essa atmosfera bem semelhante em filmes como ‘Spider – Desafie Sua Mente’(2002) e ‘Mapa Para as Estrelas’(2014).

Outro fator que causa espanto a primeira vista é a quase ausente trilha sonora de Howard Shore. Aqui todas as composições usadas são bem discretas, pontuando apenas alguns fragmentos do filme. Essa ausência faz muita falta ao filme, mesmo sendo proposital para causar uma imersão ao ambiente e as situações exploradas.

O elenco do filme conta com Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris e William Hurt em seu eixo principal. Mortensen, assumindo o comando do filme, tem uma atuação muito boa, sabendo fazer essa caracterização do indivíduo que sofre com essa separação entre passado e presente. Bello e Harris também seguem o padrão proposto pelo protagonista, sem, no entanto, jamais conseguirem se destacar no filme. E temos também uma pequena, mas não menos importante, participação de William Hurt. Hurt tem algo em torno de 5 minutos em tela, porém consegue deixar sua presença registrada.

‘Marcas da Violência’ consegue alcançar o sucesso nas suas investidas em mostrar alguns aspectos intrínsecos ao ser humano que, mesmo com o distanciamento de sua natureza, acaba, nos momentos mais intensos, recorrendo a ela para reger seus atos. Um filme relativamente curto, mas que se faz completo em detrimento do assunto abordado. Boas atuações e uma direção sempre eficiente de David Cronenberg completam a beleza do filme.
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